A SENTINELA QUE FOGE
Paredes
brancas
de
um quarto hipotético
onde
estou instalado.
Vejo
através de sua indiferença
que
não estou protegido de nada.
É
sempre esse medo e essa ansiedade
a
roubar-me a calma que não tenho.
Apenas
alguns centímetros de argamassa
a
me separar da vida que corre lá fora
com
seus ruídos abafados e nítidos,
quando
a eles se presta uma atenção nervosa.
Sinto
que uma espécie de catástrofe se tece
no
silêncio e vai acontecer a qualquer momento.
Devo
portanto ficar acordado e atento
para
não ser pego de surpresa e em pânico.
Mas
uma tranqüilidade não se conquista
através
de meios tão precários de defesa.
Preciso
me dispor a sair e enfrentar o mundo
com
seu exército de homens rudes à espreita.
Então
saio com o desconforto de não fazer parte,
com
uma fragilidade revestida só pelo escudo de si própria,
com
um receio de ser ridículo só por me dispor a andar
e
com a certeza de que não posso ser livre aqui
ou
em qualquer outra parte onde nunca estive.
Areia
(À Fragmentação da Pedra)
Um poema sempre atual e recomendado.
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