sábado, 23 de março de 2013

Poemas



ressoam em meu cérebro
ecos de canções que eu
nunca escreverei jamais.

mas existem em mim
como acordes tangíveis
do que se aspira a ser.

à sombra do músico adormecido
eu vivi a minha vida inteira assim
disfarçado de poeta como se fosse

um andarilho dentro de casa.

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O piso da minha alma

comentários sobre o autor




 “Quanto ao autor, é serio e persiste na literatura, quando muitos desistiram. A persistência pode gerar o sucesso, claro. Quanto à sua obra, ela se confunde com sua vida. Milton Rezende escreve sobre aquilo que conhece. Veja o que ele disse há muitos anos (para falar a verdade, no século passado): ‘sempre amei como quem cometia um assassinato premeditado, que cobria várias fases de planejamento e execução’. Isto revela o homem revoltado conforme a concepção de Albert Camus, ou seja, um homem que se opõe à ordem que o condena à morte desde o nascimento. Desta inquietude surge seu impulso criativo que vem se aprimorando a cada publicação”. (André Rocha)


 Grande poeta, de obra densa, intrigante, que não permite a indiferença ou muxoxo quando é lida. Poeta definitivo, que diz o que quer dizer, sem reticências, sem rodeios, porém sem desperdiçar palavras, sem jogar ao ar blasfêmias estéreis, sem pirotecnia. Às vezes é seco como Drummond, tétrico como Edgar Alan Poe, mortal como Augusto dos Anjos, sensitivo como Fernando Pessoa, mas é sempre Milton Rezende, o que disse que ‘somos apenas alguns/ao redor de uma mesa/ou de um pensamento/e nos amamos com receio’, em seu segundo livro Areia (À Fragmentação da Pedra – 1989) e que hoje nos ensina a fazer poesia: ‘não se deve fazer poesia/poesia assim como eu faço/Poesia é certeza de conceitos,/de imagens e eu não sei/de nada, apenas acho’ (A Sentinela em Fuga e Outras Ausências – 2011). Convém não levar em conta essa lição, pois deve-se sim, fazer poesia como Milton Rezende faz. Poesia da melhor qualidade” (Edson Braz da Silva)


 “Falar sobre a obra do Milton, para mim, é fácil. É uma obra que de certa forma acompanhou minha própria escrita durante toda vida. Gosto de todos os livros dele, mas gosto mais de ‘O Acaso das Manhãs’ e de ‘Areia (À Fragmentação da Pedra)’. Sua forma de escrever é ácida, sem concessões. Seus poemas são mordazes, incrivelmente corajosos. Ele nunca poupa a si mesmo nem ao mundo. Milton vem da melhor tradição da poesia e prossegue com ela”. (Marcelo Serodre)
               

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