domingo, 1 de dezembro de 2013



“O Jardim Simultâneo”, regado e cultivado pela Editora Penalux, é uma obra poética densa que transmite uma multiplicidade ímpar de sentimentos. Seu autor, Milton Rezende, nos entrega uma vasta abordagem de perfumes, sendo cada poesia, um aspecto fragrante e inebriante do amor pujante e viçoso que há na sua alma. Há flores de todo o tipo. E cada um aborda com seriedade os cursos pelos quais o coração e os olhos se transpõem. Cada linha é um arroubo de encanto, uma coleta da alma – em que num átimo –, nos faz entrever com mais atenção as volições que habitam nas redobras e revoltas de cada um. E isso significa nos colocar à frente de românticas aspirações e rigorosas proposições, vislumbres fieis de um olhar crítico e argucioso. Milton desbota as cores da poesia com excelência, permitindo a cada um conhecer nuances singulares de sua poesia astuta, íntegra, fiel e inteligente; reflexos de sua maturidade, não apenas poética, mas humana.
Seus poemas transfiguram com maestria a transitoriedade das, por vezes, inenarráveis sensações que se enviesam dentro do ser e arrebatam o peito em inúmeros tons. Reflexões ora mordazes, ora sensíveis, colhidas na sutil observação de um mundo desvanecido e nas vivências acalentadas por pegadas firmes de sua alma coloquial. O fato é que ele faz flores nascerem nos solos mais rígidos.
Bem, “O Jardim Simultâneo” é uma obra adversa ao comum, não somente pela sua verdade dita por avessos e diferentes rotas, mas pela maneira enigmática de agregar doce e amargo, ao mesmo tempo. Ocorre que é difícil destilar o néctar de seu imaginativo e abstrato estilo. Nada que eu escreva será capaz de se aproximar do proposto pelo livro. Só lendo para sentir os variados rumos de cada composição. A leitura e a sensação, do início ao fim, são majestosamente únicas. Recomendo.



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