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com atenção e espírito crítico o seu Jardim Simultâneo e posso lhe dizer, com a
sinceridade de sempre, que o achei mais realizado do que os seus anteriores.
Nele você continua a destilar um sarcasmo e uma visão pessimista da vida, mas
em termos muito pessoais, temperados com uma sutil ironia (ou auto-comiseração)
que atenua, de certa forma, a negatividade dos conceitos. Não posso deixar de
dizer que ainda acho a sua poesia muito auto-centrada, introspectiva, com
tendência a resumir o fazer poético à análise do eu-poético. Tenho certeza que
sua visão de mundo irá expandir-se, não que você se torne um poeta de registro
social (o que seria deplorável), mas que sua visão comece a englobar o de-fora
e o mais-além em conjuntura ou superposição ao este-sou-eu-e-por
isso-me-critico. Fiquei feliz por ver que você abandonou a feitura de poemas
meramente lexicais. embora ainda tenha havido umas reincidências como no
caso de Botânica e variações da flor e em Alcunhas. Também que tenha colocado
em plano inferior um certo hermetismo que virou a razão de ser dos poetinhas
mais novos. Você já domina um instrumento; está falando (tocando,
poetando) para um público adulto, que conhece poesia. O poema Breve e longínquo
é um bom exemplo disto".
por Ivo Barroso
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