quarta-feira, 7 de maio de 2014

PORTAL DA DOR

“porque a morte é a alfândega,
onde toda a vida orgânica há de
pagar um dia o último imposto!”


Cap. I – Da Doença


Compressas frias, banhos mornos, cataplasmas sinapizadas, injeções intravenosas de electrargol, injeções hipodérmicas de óleo canforado, de cafeína, de esparteína, lavagens intestinais, laxativos e grande quantidade de poções e outros remédios internos.

Cap. II – Da Morte

Urna lisa, forrada com babado, envernizada, seis alças, com visor, véu, velas, encaminhamento da certidão de óbito, flores para ornamentação interna, livro de presença, paramentos religiosos, cinco anúncios na rádio local, translado de até 70 km e locomoção até a morada final.

                                              
Agradecimentos ao Augusto dos Anjos, à D. Ester Fialho e ao Pax Ervália que funciona em frente ao necrotério.



Milton Rezende,  A Sentinela em Fuga e Outras Ausências



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